Sintomas, Complicações e a Decisão pela Intervenção Cirúrgica nas Varizes

O que você verá neste artigo

Introdução

As varizes são uma condição comum que afeta milhões de brasileiros, especialmente mulheres e pessoas acima dos 40 anos. Caracterizadas por veias dilatadas e tortuosas, geralmente nas pernas, elas podem causar desde desconforto estético até complicações graves, como úlceras venosas e trombose. Embora muitas pessoas convivam com varizes sem sintomas significativos, outras enfrentam dor, inchaço e limitações na qualidade de vida, o que levanta a questão: quando a cirurgia é necessária? Neste artigo, exploraremos os sintomas, as complicações e os fatores que influenciam a decisão pela intervenção cirúrgica, com base em estudos científicos e diretrizes de saúde confiáveis.

O que são varizes?

Varizes são veias superficiais que se tornam dilatadas, tortuosas e ineficientes devido a falhas nas válvulas venosas, que normalmente impedem o refluxo de sangue. Essa condição está associada à insuficiência venosa crônica, um problema no qual o sangue se acumula nas veias das pernas, aumentando a pressão venosa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 20% da população mundial apresenta algum grau de varizes, com maior prevalência em mulheres devido a fatores hormonais e gravidez.

Fatores de risco:

  1. Histórico familiar de varizes
  2. Idade avançada
  3. Gravidez
  4. Obesidade
  5. Profissões que exigem longos períodos em pé ou sentado
  6. Sedentarismo

Sintomas das varizes

Os sintomas das varizes variam de leves a graves, dependendo do estágio da doença. Muitas pessoas percebem as veias dilatadas antes de qualquer desconforto, enquanto outras buscam ajuda médica devido a sintomas incômodos. Os principais sintomas incluem:

  • Dor ou sensação de peso nas pernas, especialmente após longos períodos em pé
  • Inchaço (edema) nos tornozelos e pernas
  • Coceira ou ardência ao redor das veias afetadas
  • Câimbras musculares, principalmente à noite
  • Alterações na pele, como escurecimento ou endurecimento

De acordo com um estudo publicado na SciELO, cerca de 30% dos pacientes com varizes relatam sintomas que impactam a qualidade de vida, como fadiga nas pernas e dificuldade para realizar atividades diárias.

Complicações associadas

Embora varizes sejam frequentemente vistas como um problema estético, elas podem levar a complicações graves se não tratadas. As principais incluem:

ComplicaçãoDescrição
Úlceras venosasLesões na pele, geralmente nos tornozelos, causadas por má circulação crônica. Podem ser dolorosas e de difícil cicatrização.
Trombose venosa superficialFormação de coágulos nas veias superficiais, causando dor e vermelhidão. Pode evoluir para trombose profunda em casos raros.
Dermatite ocreEscurecimento da pele devido ao acúmulo de sangue e inflamação crônica.
HemorragiaRuptura de uma veia varicosa, que pode causar sangramento significativo.

 

Um artigo da UpToDate destaca que úlceras venosas afetam até 4% dos pacientes com insuficiência venosa avançada, sendo uma das complicações mais debilitantes.

Diagnóstico e avaliação

O diagnóstico de varizes é geralmente clínico, baseado na história do paciente e exame físico. No entanto, exames complementares podem ser necessários para avaliar a gravidade e planejar o tratamento. Os principais métodos incluem:

  1. Ultrassom Doppler: Avalia o fluxo sanguíneo e identifica refluxo nas veias.
  2. Fotopletismografia: Mede a capacidade de retorno venoso.
  3. Angiografia por ressonância magnética: Usada em casos complexos para mapear o sistema venoso.

Segundo o MSD Manuals, o ultrassom Doppler é o padrão-ouro para diagnóstico, pois é não invasivo e altamente preciso.

Tratamentos disponíveis

O tratamento de varizes depende da gravidade, sintomas e preferências do paciente. As opções dividem-se em não cirúrgicas e cirúrgicas.

Tratamentos não cirúrgicos

  • Meias de compressão: Melhoram a circulação e reduzem sintomas como inchaço e dor.
  • Escleroterapia: Injeção de uma solução que fecha veias menores. Ideal para varizes estéticas.
  • Terapia a laser: Usa calor para fechar veias superficiais.
  • Radiofrequência: Técnica minimamente invasiva que utiliza energia térmica para tratar veias maiores.
  • Medicamentos venoativos: Como diosmina, ajudam a reduzir sintomas, mas não eliminam varizes.

Tratamentos cirúrgicos

  • Safenectomia: Remoção da veia safena por incisão. Indicada para casos graves.
  • Fleboextração: Extração de veias varicosas menores por microincisões.
  • Microcirurgia de varizes: Técnica precisa para remover veias superficiais com cicatrizes mínimas.

Um estudo no PubMed indica que a escleroterapia tem taxa de sucesso de 80-90% para veias pequenas, enquanto a safenectomia é mais eficaz para insuficiência venosa grave.

Quando optar pela intervenção cirúrgica?

A decisão por uma cirurgia depende de vários fatores, incluindo:

  1. Sintomas incapacitantes: Dor intensa, inchaço persistente ou limitações nas atividades diárias.
  2. Complicações: Úlceras venosas, trombose ou hemorragias frequentes.
  3. Falha de tratamentos conservadores: Quando meias de compressão ou escleroterapia não resolvem.
  4. Questões estéticas: Embora menos prioritário, o impacto psicológico pode justificar a cirurgia.

De acordo com a Cleveland Clinic, a cirurgia é recomendada para pacientes com insuficiência venosa crônica estágio C3 ou superior (classificação CEAP). A consulta com um cirurgião vascular é essencial para avaliar riscos e benefícios.

Cuidados pós-cirúrgicos e prevenção

Após a cirurgia, cuidados específicos ajudam na recuperação e previnem recorrências:

  • Repouso relativo: Evitar longos períodos em pé nos primeiros dias.
  • Meias de compressão: Usar por 2-6 semanas, conforme orientação médica.
  • Atividade física leve: Caminhadas curtas para estimular a circulação.
  • Controle de peso: Reduzir a pressão nas veias.
  • Monitoramento: Consultas regulares para avaliar o resultado.

Para prevenir novas varizes, adote:

  1. Elevação das pernas ao descansar
  2. Exercícios regulares (como natação ou caminhada)
  3. Evitar roupas muito apertadas

Perguntas frequentes

  1. O que causa varizes?
    Varizes são causadas por falhas nas válvulas venosas, agravadas por fatores como genética, gravidez, obesidade e longos períodos em pé.
  2. Varizes podem desaparecer sozinhas?
    Não, varizes não regridem sem tratamento, mas medidas como meias de compressão podem aliviar sintomas.
  3. Quais são os riscos da cirurgia de varizes?
    Riscos incluem infecção, hematomas e, raramente, lesão nervosa. A taxa de complicações é baixa com cirurgiões experientes.
  4. Escleroterapia é tão eficaz quanto a cirurgia?
    Escleroterapia é eficaz para veias pequenas, mas a cirurgia é mais indicada para casos graves.
  5. Quanto tempo leva a recuperação após a cirurgia?
    A recuperação varia de 1 a 4 semanas, dependendo da técnica utilizada.
  6. Varizes podem voltar após o tratamento?
    Sim, especialmente se os fatores de risco não forem controlados, como obesidade ou sedentarismo.
  7. Meias de compressão são obrigatórias?
    Não são obrigatórias, mas altamente recomendadas para aliviar sintomas e prevenir complicações.
  8. Homens também têm varizes?
    Sim, embora sejam mais comuns em mulheres, homens também podem desenvolver varizes.
  9. Qual é o melhor tratamento para varizes?
    Depende do caso. Escleroterapia e laser são ideais para varizes pequenas, enquanto a safenectomia é indicada para casos avançados.
  10. Varizes são perigosas?
    Em estágios iniciais, não, mas podem levar a complicações como úlceras ou trombose se não tratadas.

Conclusão

As varizes são mais do que um problema estético: elas podem impactar significativamente a qualidade de vida e, em casos graves, levar a complicações como úlceras venosas e trombose. Compreender os sintomas, buscar um diagnóstico precoce e avaliar as opções de tratamento – desde meias de compressão até cirurgias avançadas – é essencial para gerenciar a condição. A decisão pela intervenção cirúrgica deve ser tomada com base em sintomas, complicações e orientação de um cirurgião vascular. Adotar hábitos saudáveis e seguir as recomendações médicas pode prevenir a progressão da doença e melhorar o bem-estar.