Varizes e Embolia Pulmonar: Tudo o que Você Precisa Saber

Resumo: Varizes aumentam o risco de embolia pulmonar, especialmente se evoluírem para trombose venosa profunda (TVP), com risco maior em casos graves, mas medidas como meias de compressão, exercícios e acompanhamento médico ajudam a prevenir complicações.

 

1. Varizes aumentam o risco de embolia pulmonar?
Sim, varizes aumentam o risco de embolia pulmonar (EP), embora o risco seja indireto e dependa de complicações como trombose venosa profunda (TVP). Varizes são um sinal de insuficiência venosa crônica (IVC), que pode levar à formação de coágulos (trombos) nas veias. Se esses coágulos se desprendem e viajam até os pulmões, causam EP. Um estudo de 2018 com mais de 400.000 pessoas mostrou que indivíduos com varizes têm um risco até 5 vezes maior de TVP, que é a principal precursora da EP. No Brasil, a prevalência de varizes é alta (62% em mulheres e 37% em homens acima de 30 anos), o que torna essa associação relevante.

2. Qual a probabilidade de uma pessoa com varizes desenvolver embolia pulmonar?
A probabilidade exata é difícil de determinar, pois depende de fatores como gravidade das varizes, presença de TVP e outros riscos (ex.: obesidade, sedentarismo). Estudos indicam que o risco de EP em pacientes com varizes é quase o dobro em comparação com pessoas sem varizes. Um estudo de Heit et al. (2000) mostrou que varizes aumentam o risco de TVP e EP em até 4 vezes em pessoas com menos de 45 anos e 2 vezes em maiores de 60 anos. No entanto, a incidência absoluta de EP em pacientes com varizes permanece baixa, especialmente sem TVP associada, sendo estimada em menos de 1% ao ano em casos não complicados.

3. A gravidade das varizes influencia no risco de embolia pulmonar?
Sim, varizes mais graves, classificadas como C3-C6 na escala CEAP (com edema, alterações de pele ou úlceras), têm maior risco de complicações, incluindo TVP e, consequentemente, EP. Isso ocorre porque a estase venosa (sangue “parado” nas veias) é mais pronunciada, favorecendo a formação de coágulos. Segundo o Journal of Vascular Surgery, varizes avançadas com lipodermatoesclerose ou úlceras venosas aumentam o risco de trombose em até 3 vezes em comparação com varizes leves (C1-C2, como telangiectasias).

4. Varizes superficiais apresentam o mesmo risco de varizes profundas em relação à embolia pulmonar?
Não, varizes superficiais apresentam menor risco de EP em comparação com varizes profundas ou TVP. Varizes superficiais afetam as veias mais próximas da pele e, mesmo quando evoluem para tromboflebite superficial, raramente causam EP, já que os trombos superficiais têm menos chance de migrar para o sistema venoso profundo. Já a TVP, que afeta veias profundas, é diretamente associada à EP, com até 50% dos casos de TVP não tratada levando a EP. No entanto, varizes superficiais podem estar associadas a IVC, que aumenta o risco de TVP, criando uma conexão indireta com EP.

5. Existe alguma estatística sobre a incidência de embolia pulmonar em pacientes com varizes?
Estatísticas específicas são limitadas, mas estudos fornecem algumas estimativas. Um estudo de Heit et al. (2000) encontrou uma odds ratio de 2-4 para TVP/EP em pacientes com varizes. No Brasil, um estudo multicêntrico relatou que varizes estão entre os fatores de risco para EP, mas a incidência exata não foi quantificada. Dados do SUS mostram que a taxa de internação por EP aumentou de 2,57 para 4,44 por 100.000 habitantes entre 2008 e 2019, com varizes contribuindo como fator de risco, especialmente em idosos. A incidência de EP em pacientes com varizes é maior em casos com TVP associada, mas números precisos variam conforme a população estudada.

6. A tromboflebite superficial (inflamação de veias varicosas) pode levar à embolia pulmonar?
Embora raro, sim, a tromboflebite superficial pode levar à EP, especialmente se o trombo se estende para o sistema venoso profundo (ex.: junção safeno-femoral). Estudos mostram que até 10% dos casos de tromboflebite superficial podem progredir para TVP, aumentando o risco de EP. No entanto, o risco de EP direta por tromboflebite superficial é baixo (menos de 1%), conforme a SBACV, e geralmente requer fatores adicionais, como imobilidade ou câncer.

7. Quais são os principais fatores de risco para embolia pulmonar em pacientes com varizes?
Além das varizes, os principais fatores de risco para EP, segundo a SBACV e estudos como o de Heit et al. (2000), incluem:

    • Idade acima de 40 anos: Risco aumenta com o envelhecimento.
    • Imobilidade prolongada: Como repouso no leito ou viagens longas.
    • Neoplasias: Câncer ativa a coagulação, presente em até 23% dos casos de EP.
    • Obesidade: Prevalência de 21,5% no Brasil, aumenta a pressão venosa.
    • Histórico de TVP ou EP: Risco de recorrência de 39,9% em 10 anos.
  • Gravidez ou uso de hormônios: Alteram a coagulação.
  • Cirurgias ou traumas: Sobretudo ortopédicos ou abdominais.

8. Quais são os sintomas de trombose venosa profunda (TVP) em pacientes com varizes?
Os sintomas de TVP, conforme a SBACV, incluem:

  • Inchaço (edema) em uma perna, frequentemente assimétrico.
  • Dor ou sensibilidade na panturrilha ou coxa, que pode piorar ao caminhar.
  • Vermelhidão ou calor na área afetada.
  • Veias superficiais mais visíveis (em alguns casos).

9. Como a TVP, relacionada ou não às varizes, é diagnosticada?
A TVP é diagnosticada por uma combinação de avaliação clínica e exames, conforme a SBACV:

    • Avaliação clínica: Usa scores como o de Wells para estimar a probabilidade de TVP (ex.: edema, dor, histórico de varizes).
    • Ultrassom Doppler: Exame padrão, detecta trombos nas veias profundas com 95% de sensibilidade.
    • D-dímero: Exame de sangue que, se elevado, sugere coagulação ativa (positivo em 93% dos casos de EP/TVP).
  • Flebografia: Raramente usada, mas pode confirmar trombos em casos duvidosos.

10. Quais são os sintomas de embolia pulmonar em pacientes com varizes?
Os sintomas de EP, conforme o Arquivos Brasileiros de Cardiologia, são inespecíficos, mas incluem:

  • Falta de ar (dispneia) súbita, presente em 66% dos casos.
  • Dor torácica, geralmente pleurítica, em 49% dos pacientes.
  • Taquipneia (respiração rápida).
  • Taquicardia (batimentos acelerados).
  • Tontura ou desmaio (em casos graves).
  • Tosse ou hemoptise (sangue no escarro), menos comuns.

Em pacientes com varizes, a suspeita de EP aumenta se houver sinais de TVP concomitantes.

11. Como a embolia pulmonar é diagnosticada?
O diagnóstico de EP combina avaliação clínica e exames, segundo a SBACV e o BMJ:

  • Score de Wells ou Geneva: Avalia a probabilidade clínica de EP (ex.: TVP, imobilidade, taquicardia).
  • D-dímero: Se negativo, descarta EP em casos de baixa probabilidade.
  • Angiotomografia de tórax: Padrão-ouro, visualiza trombos nas artérias pulmonares, usada em 90% dos casos confirmados.
  • Ecocardiograma: Detecta sinais de sobrecarga cardíaca em 37% dos casos.
  • Cintilografia pulmonar: Alternativa quando a tomografia não é viável.

No Brasil, a angiotomografia é o método mais comum em hospitais terciários.

12. Pacientes com varizes devem realizar exames de rotina para detectar risco de trombose ou embolia?
Exames de rotina não são recomendados para todos os pacientes com varizes, mas o acompanhamento com um angiologista é essencial, especialmente em casos moderados a graves (C3-C6 na escala CEAP). A SBACV sugere:

  • Consulta anual: Para avaliar progressão das varizes e fatores de risco.
  • Ultrassom Doppler: Indicado em casos de sintomas de TVP, varizes avançadas ou antes de procedimentos como cirurgia.
  • D-dímero: Pode ser usado em situações de suspeita clínica, mas não como rotina.

Pacientes com histórico de TVP, câncer ou imobilidade prolongada devem ter monitoramento mais frequente.

13. Quais medidas preventivas podem ser tomadas por pacientes com varizes para reduzir o risco de embolia pulmonar?
Medidas preventivas, conforme a SBACV e o Journal of Vascular Surgery, incluem:

    • Exercícios físicos: Caminhada ou hidroginástica (30 min/dia) ativam a bomba muscular da panturrilha.
    • Controle de peso: Reduz a pressão venosa, já que a obesidade é um fator de risco.
    • Elevação das pernas: 15-20 minutos por dia melhora o retorno venoso.
    • Evitar longos períodos em pé ou sentado: Movimente-se a cada 1-2 horas.
    • Meias de compressão: Reduzem o edema e a estase venosa.
    • Hidratação: Evita a viscosidade sanguínea.
    • Não fumar: O tabagismo, presente em 15,8% dos casos de EP, é um fator evitável.

14. O uso de meias de compressão ajuda a prevenir a embolia pulmonar em pacientes com varizes?
Sim, meias de compressão são eficazes na prevenção de TVP e, consequentemente, EP. Elas melhoram o retorno venoso, reduzindo a estase e o risco de formação de trombos. Estudos no Journal of Vascular Surgery mostram que meias de compressão (20-30 mmHg) diminuem o risco de TVP em até 50% em pacientes com IVC. No Brasil, elas são prescritas por angiologistas e disponíveis em farmácias, mas devem ser usadas sob orientação médica para garantir o tamanho e a pressão corretos.

15. Alguns tratamentos para varizes (como cirurgia ou escleroterapia) podem aumentar ou diminuir o risco de embolia pulmonar?
Os tratamentos para varizes têm impactos diferentes no risco de EP:

    • Cirurgia (safenectomia): Pode aumentar o risco de TVP/EP no pós-operatório (incidência estimada de 0,5-5%), especialmente em cirurgias bilaterais, mas a tromboprofilaxia (ex.: heparina) reduz esse risco. Um estudo brasileiro mostrou 40 mortes em 755.752 cirurgias de varizes (2010-2020), algumas por EP.
    • Escleroterapia: O risco de TVP/EP é muito baixo (menor que 0,1%), mas existe, especialmente se a espuma atingir veias profundas.
    • Termoablação (laser/radiofrequência): Menor risco de complicações tromboembólicas em comparação com a cirurgia convencional, conforme estudo com 765 cirurgiões brasileiros.

16. Em quais situações um paciente com varizes deve procurar atendimento médico imediato devido ao risco de embolia pulmonar?
Procure um pronto-socorro imediatamente se houver:

  • Sintomas de TVP: Inchaço súbito, dor intensa ou vermelhidão em uma perna.
  • Sintomas de EP: Falta de ar súbita, dor torácica, taquicardia, tontura ou tosse com sangue.
  • Febre ou calor intenso na perna: Pode indicar tromboflebite ou infecção.

17. Qual o tratamento para trombose venosa profunda em pacientes com varizes?
O tratamento da TVP, conforme a SBACV e diretrizes de 2022 da Arquivos Brasileiros de Cardiologia, inclui:

  • Anticoagulantes: Heparina não fracionada ou de baixo peso molecular (ex.: enoxaparina) por 5-7 dias, seguida de anticoagulantes orais (ex.: rivaroxabana) por 3-6 meses ou mais.
  • Meias de compressão: Reduzem o edema e previnem síndrome pós-trombótica.
  • Mobilização precoce: Caminhadas leves para estimular a circulação.
  • Tratamento das varizes: Após estabilização, escleroterapia ou cirurgia podem ser indicadas para prevenir recorrências.

Em casos graves, trombolíticos ou filtros de veia cava podem ser usados.

18. Qual o tratamento para embolia pulmonar em pacientes com varizes?
O tratamento da EP segue protocolos semelhantes, com foco em estabilização e prevenção de novos trombos, segundo o BMJ:

    • Anticoagulantes: Heparina (usada em 90% dos casos) ou anticoagulantes orais diretos (ex.: apixabana) por 3 meses ou mais.
    • Oxigenoterapia: Para corrigir hipoxemia em casos moderados a graves.
    • Trombolíticos: Em EP massiva com instabilidade hemodinâmica (menos de 10% dos casos).
    • Suporte intensivo: Em UTI para casos graves, com mortalidade hospitalar de 19,5%.

Varizes são tratadas após a estabilização da EP para reduzir o risco de recorrência.

19. Pacientes com histórico de trombose venosa profunda e varizes têm um risco maior de desenvolver embolia pulmonar novamente?
Sim, o risco de recorrência de EP é significativamente maior, com estudos indicando uma chance de 39,9% em 10 anos após o primeiro episódio. Varizes agravam esse risco ao manter a estase venosa. Pacientes com histórico de TVP devem usar anticoagulantes por tempo prolongado (às vezes indefinido) e tratar as varizes agressivamente, com cirurgia ou escleroterapia, para minimizar complicações.

20. Existem recomendações específicas para pacientes com varizes em situações de maior risco, como viagens longas ou cirurgias?
Sim, situações de alto risco exigem cuidados extras, conforme a SBACV e diretrizes internacionais:

  • Viagens longas (>4 horas): Levante-se a cada 1-2 horas, faça exercícios de panturrilha, use meias de compressão e mantenha-se hidratado. Em casos de alto risco (ex.: histórico de TVP), o médico pode indicar heparina profilática.
  • Cirurgias: Informe o cirurgião sobre varizes e histórico de trombose. Tromboprofilaxia com heparina ou meias de compressão é recomendada, especialmente em cirurgias ortopédicas ou abdominais. Mobilização precoce pós-cirurgia é crucial.
  • Gravidez ou uso de hormônios: Consulte um angiologista para avaliar o risco e considerar meias de compressão ou profilaxia.

 

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